terça-feira, 16 de junho de 2009

Quando eu morrer, quero ser uma nuvem!

O que acontece depois da morte. Nada? Purgatório? Reencarnação? Pode ser que você acredite em alguma teoria, talvez até tenha certeza, mas ela é fruto apenas de uma fé cega e inabalável. Pode ser que isso seja bom até. De qualquer maneira sofrer nas chamas do inferno por toda eternidade é sofrimento demais. Ir pro céu parece tedioso, reencarnar em outro animal é cruel demais (ter que acatar a lei do mais forte, cadeia alimentícia “é foda”) e reencarnar em outra vida parece o pior castigo, já que a humanidade caminha beirando a extinção (salvem-se quem puder, pagar!). Por isso que minha escolha já está feita: quero ser uma nuvem. E olha que vida de nuvem não é tão diferente de nossa. Nuvem nasce, cresce, reproduz e morre. Não há momento mais emocionante na vida de uma nuvem do que o seu nascimento. Nascer do calor da imensidão que é o oceano. Sua mãe Água e seu pai Sol fazem dela, uma nuvem pronta para viajar, conhecer os mais remotos lugares, para então se desfazer e levar vida e graça à Mãe Natureza (que nesse caso é avó). Mas algumas nuvens se rebelam. Andam na má companhia de maus ventos, que fazem com que elas se tornem vilãs, semeadores de dor e desgraça. Essa rebeldia pode ser proveniente de uma educação ruim. Quando a Água muito estressada encontra o Sol mais quente ainda, os ventos agourentos se aproveitam, captam a inocente nuvem, e fazem dela um furacão de rebeldia. Pode ser um tufão se a nuvem for japonesa. E quando as nuvens encontram outras nuvens com outra vibe, outra energia, aí o tempo fecha, junta tudo que é carga positiva com negativa e vira um pandemônio. Mas não é essa nuvem que eu quero ser. Quero ser uma nuvem tropical. Voar livre sem ter que me preocupar. Encontrar outras nuvens e fazer amor, sem descargas, sem barulho, apenas duas nuvens se enroscando e formando uma só. Quero ser uma nuvem tropical, vir do mar, se desfazer na serra, e continuar minha marcha em forma de serpente até a casa de Yemanjá, mãe do mar, dona das águas. Não quero ser nuvem negra, desgarregar os males, fazer barulho, nem formar águas turbulentas. Quero ser nuvem tropical, de vida curta, que chove no verão, que se desfaz ao ver a moça de blusinha branca e sem guarda-chuva. Ai meu Deus!

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Os textos que não tem o nome do autor/fonte, são de minha própria autoria. (Guilherme Bonassa)

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