******. Escrevo-te esta carta por que não a verei mais. Nunca mais. Estou morrendo. O câncer que se aloja em minha alma, do meu corpo tira as forças, e da vida a graça. Escrevo-te por que sofri. Primeiro por outras mulheres, e agora por mim mesmo. Fui ingrato, desmedido e idiota, não vi o que era óbvio, e só agora percebi que na minha vida, em toda minha vida, só você foi capaz de me amar. Estava descontente com você, achando que você não era para mim, que não me merecia, mas por tantas outras, de pior consenso, aturei muito mais. Queria eu, mergulhado em minha mais profunda arrogância, mudar-te, ao invés de simplesmente contemplar-te. Ainda bem que não consegui, você não sabe o quanto adorável você deixaria de ser, se fosse como eu queria que fosse. Como seria previsível, o fim se mostrou implacável e tirou todas as nossas chances. Confesso que minha mágoa perdurou, mas o erro não foi seu. Se agiste de forma imprudente, não fizeste nada mais que eu não merecia. Eu soube disto desde o começo, mas não ia falar-lhe isto, meu orgulho não deixaria, preferi esperar por outros amores, para deixar o nosso, enterrado no mais profundo vão de minhas lembranças. Até que deu certo, não sofri mais por esse amor, esqueci dele e mergulhei em tantas outras paixões. Mas estas foram curtas demais, longas demais, vazias demais, possessivas demais... mais e mais minha alma foi adoecendo. Você não faz idéia de como eu me arrependo. Me lembro de quando você se acolhia em meus ombros, quando me abraçava forte e beijava-me a boca. Sinto falta de ouvir “eu te amo” com a sua voz. Penso muito em nós dois, de como seria se nosso caso perdurasse até hoje. Talvez eu não estivesse morrendo. Talvez a minha cura fosse você. Mas o que está feito, está feito, e a mim não resta mais nada. A você lhe pertencem toda a vida e amores que você tem pela frente. Eu apenas posso meditar, pensar em nós e sorrir. Pensando em nós eu posso sorrir, mas não é um sorriso sincero.
sábado, 20 de junho de 2009
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Os textos que não tem o nome do autor/fonte, são de minha própria autoria. (Guilherme Bonassa)
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